Perseguiçário: Histórias de perseguições inúteis
Perseguiçário são histórias desenvolvidas num Plano Piloto irreal, povoado de personagens cativantes na atmosfera singular de Brasília, que nasceram como uma dúvida: como perseguir alguém no Plano Piloto na hora de voltar para casa? Ou, a qualquer hora, tanto faz. Essas perseguições viraram uma inquietude e as personagens começaram a perder o Norte enquanto fugiam ou perseguiam alguém, ou também perseguindo sonhos, desejos e esperanças. Por causa disso, são Histórias de perseguições inúteis, porque todas acabam mal; o Plano, com seus endereços desconcertantes, seus engarrafamentos, com a seca ou a época das chuvas, estraga tudo, inclusive a obsessão por atingir o que se ama ou o que constitui uma fixação. Uma cidade que não estava planejada para a superpopulação colapsa no dia-a-dia e, à noite, quando todos acham que terão paz, o Plano é assaltado pelos fantasmas e as criaturas mais insólitas. Cenários irreais e circunstâncias inesperadas se desenvolvem num local onde tudo pode acontecer.
Como tudo começou...
Fui destinado ao serviço da Argentina na Embaixada Argentina no Brasil, em Brasília e, morar lá mudou a minha vida. Antes de chegar lá, eu já sabia tudo a respeito do Plano Piloto, ainda sem conhece-lo, podia identificar os prédios, os eixos, monumentos, etc.
Morar em Brasília, é morar numa obra de arte a céu aberto, nesse maravilhoso sonho do Presidente Juscelino Kubitschek e, que Lucio Costa e Oscar Niemayer deram forma e, vida com o hálito de vida misterioso e fantástico.
Certamente, para aqueles que só veem, cimento e asfalto ou um sistema político de urbanização (Brasília foi considerada como um modelo socialista de estandardização urbano e social), nunca entenderam o conceito urbanístico e estético pensado, planejado e plasmado na Carta de Atenas de 1933, fortemente influído pelos artistas, arquitetos e designers pertencentes a Escola da Bauhaus. Mas, para mim o “Plano” foi meu quarteirão, meu bairro, minha cidade, onde uma noite, qualquer uma, no Pontão, pode ser toa romântica, como nos bairros de Belgrano em Buenos aires, o Gótico em Barcelona ou Parati no Rio.
Foi nesse clima de alternância entre a seca e as chuvas, que “Perseguiçário – Histórias de perseguições inúteis”, nasceu como um relato isolado, uma tarde chata e chuvosa num escritório de Buenos Aires a minha volta do Brasil. A chuva trouxe a lembrança do Plano Piloto, os engarrafamentos, os passos para pedestres por baixo do eixão alagados, e logo o esplendor do típico céu d´cor “Azul-Brasília”, com essa postal imaginei como seria perseguir alguém, ou algo, nessa cidade caótica e selvagem, mas, cativante. E, certamente, seria inútil. E por causa disso todas acabam mal.
Comecei a procurar informação de fatos importantes que tenham acontecido em Brasília quanto, de personagens da vida social, representantes da cultura brasiliense e, involucra lós nas histórias fantásticas criadas com o Plano Piloto como telão de fundo e, a consequência foi este livro contendo sete histórias e, um epílogo, que deixa o interrogante de mais um, com histórias do mesmo estilo, mas, com personagens mais definidos.